sexta-feira, 18 de setembro de 2009

A crítica construtiva (sobre Ayn Rand)

Isaac Newton descreveu de forma bela as leis que regem os movimentos dos corpos. Seja uma maçã ou um planeta, as fórmulas de Newton possibilitaram prever a posição de objetos em movimento com precisão. Não é a toa que ele se encontra entre as mentes mais brilhantes do século XVII. Até que no início do século XX surgiu Albert Einstein que afirmou que as coisas não eram tão simples assim, ou melhor, que a teoria de Newton não era precisa, que falhava em certas situações (corpos que se movem muito rapidamente) e que podia ser melhorada. Qual foi a reação inicial de praticamente toda a comunidade científica? Naturalmente Einstein foi tachado de maluco, ignorante, arrogante, inocente, etc. Afinal quem era ele para confrontar as idéias estabelecidas de Sir Isaac Newton?

"Antes de 1908, a resposta para a Teoria da Relatividade nos Estados Unidos foi ignorá-la. (...) Após 1908, os cientistas começaram a responder a Einstein. A maioria ridicularizou a sua teoria como absurda. O clímax desses tipos de comentários veio em 1911 no encontro da Associação Americana para o Avanço da Ciência quando W. F. Magie, no seu discurso presidencial, clamou pelo retorno a Newton." (*)


Contei essa historinha para ilustrar a importância da crítica. Não da crítica DESTRUTIVA que muitos fizeram a Einstein, mas da crítica que Einstein corajosamente fez a Newton. A crítica construtiva é aquela que acende uma pergunta em nossa mente: "Será que olhando por esse lado ele pode ter razão?". Já a crítica destrutiva é aquela que enfatiza a vaidade e a inveja de quem critica, adicionando muito pouco ao debate.

Recentemente li um artigo em Veja sobre Ayn Rand e sua filosofia (A papisa do liberalismo) que trazia algumas críticas construtivas que me fizeram pensar. Para quem não conhece, Ayn Rand foi uma das principais filósofas, escritoras e defensoras do liberalismo, do individualismo, do racionalismo e do capitalismo. Suas idéias são controversas e não combinam nem um pouco com a mentalidade brasileira vigente, mas nos EUA seus livros aparecem com freqüência na lista dos mais influentes de todos os tempos.

A sua filosofia do Objetivismo foi definida por ela assim:

"Minha filosofia, em essência, é o conceito do homem como ser heróico, que tem sua felicidade como objetivo moral de sua vida, a realização produtiva como atividade mais nobre e a razão como seu único absoluto."




Me focarei agora na crítica feita pelo artigo de Veja, mas ao final disponibilizo alguns links (**) para o leitor que desejar conhecer melhor a filosofia dessa autora que no Brasil infelizmente não passa de uma ilustre desconhecida.

A crítica construtiva de Veja foi a seguinte:

"No entanto, há certas ideias da autora que não são totalmente compatíveis com o capitalismo. O desprezo pelo homem comum que seus romances destilam é contrário ao imperativo fundamental do mercado – servir à demanda dos consumidores. "Não pretendo construir para ter clientes, pretendo ter clientes para construir", diz o herói arquiteto de A Nascente. Não é exatamente o tipo de estratégia que garanta o sucesso empresarial."


Há duas críticas aqui: A primeira quando se fala no "desprezo ao homem comum" e a segunda quando se afirma que "satisfazer a demanda do consumidor é um imperativo fundamental para o sucesso empresarial".

Começarei pela segunda, que me parece ser mais fácil de contra-argumentar. Primeiro o personagem que afirmou que pretendia ter clientes para construir e não construir para ter clientes era um arquiteto e não um homem de negócios. Independentemente desse fato, é fundamental constatar que ele era um visionário. Um visionário é aquele indivíduo que vê oportunidades onde ninguém consegue ver, isto é, ele CRIA demanda e não apenas SATISFAZ a demanda existente. Ele acredita na sua capacidade, na sua visão de como as coisas poderiam ser feitas, e contra tudo e contra todos vai em frente, até que com muito esforço e integridade as pessoas acabem se rendendo à sua verdade. Alguma semelhança com Einstein e sua teoria?

Não precisa ter um MBA para concordar que o caminho mais fácil e curto para se ter sucesso empresarial é ir de encontro a uma demanda pré-existente. Criar uma nova demanda é muito mais difícil e arriscado, mas é exatamente aí que se sobressaem os grandes homens de negócios como Steve Jobs, Bill Gates, Henry Ford, etc. Tomemos Henry Ford como exemplo: Ele simplesmente desejou popularizar o uso do carro quando ainda não existiam estradas e ruas. Não é muito difícil imaginar qual foi a reação dos empresários da época. Visionários são líderes fundamentais para o sucesso empresarial nos dias de hoje, eu diria não apenas para o sucesso mas para a sobrevivência num mundo cada vez mais dinâmico e acelerado. Inovar é preciso, pensar de forma diferente também, nem que para isso você tenha que remar contra a maré.

Já a primeira crítica requer um esforço maior de avaliação. Ayn Rand realmente exaltou o homem heróico, aquele que possui ética e integridade, que se sobressai da massa e que obtém sucesso pelo seu esforço próprio. Entretanto o arquiteto do romance A Nascente não era rico, não ligava para dinheiro nem para prestígio, não possuía poder no sentido de que não controlava nem subjugava as pessoas, não se importava com a opinião alheia nem com as críticas destrutivas que recebia com freqüência. Também não tinha uma rede de contatos que o favoreciam. Por causa disso teve que enfrentar um tortuoso caminho para o sucesso, munido apenas da sua coragem e integridade. Não era humilde, não era fraco, não era covarde, não era desleal e nem anti-ético. Era egoísta e colocava o seu interesse em primeiro lugar, sem que para isso precisasse passar por cima de ninguém ou trapacear. Ele não vivia para os outros nem pedia que os outros vivessem para ele. Ele vivia para si mesmo. Realmente não era um homem comum, mas sim uma utopia de homem.

Não creio que o enaltecimento do homem diferenciado automaticamente significa que Ayn Rand menosprezou o "homem massa". Ele desprezou sim, e ao meu ver de forma merecida, o homem irracional mas isso é assunto para um próximo artigo. Na verdade cada indivíduo deveria ser único, dotado de suas próprias capacidades e aspirações. Da palavra "comum" deriva a palavra "comunidade" e também "comunismo". Quem realmente quer ser um comum? Quem realmente deseja viver num mundo onde todos são iguais? Será que o fato de que algumas pessoas se sobressaem mais do que outras justifica nivelar todos por baixo promovendo cada vez mais essa tal de "justiça" social?

Talvez a matéria de Veja tenha confundido o homem comum como sendo aquele que não possui poder ou prestígio. Não é necessário ter poder ou prestígio para ser um não-comum. É necessário ter integridade, ética, uma mente racional e auto-estima. A autora não tem culpa se isso é uma raridade. O certo é que há muitos que vão exatamente para o caminho oposto: exaltam o comum e pregam uma igualdade social injusta, ineficiente e insustentável no longo prazo. Entre a utopia autoritária do socialismo e a utopia libertária de Ayn Rand eu fico com a segunda. Mas estarei sempre aberto a abandoná-la ou revê-la a partir de uma crítica construtiva e contundente.

(*) Fonte: http://www.arts.yorku.ca/huma/kateya/courses/2915/documents/Reception.doc

(**)

http://stapafurdius.net/2008/10/03/quem-e-john-galt-atlas-shrugged-de-ayn-rand/

http://www.institutoliberal.org.br/galeria_autor.asp?cdc=921

http://www.youtube.com/watch?v=esBfeCUiiBs

http://www.atitudenegocial.com.br/lite2.htm

http://blogs.mentaframework.org/posts/list/243.page

domingo, 13 de setembro de 2009

O suicídio de Nelsinho Piquet

Engraçado esse mundo. Vende-se a honra na primeira oportunidade e depois reclama-se da vida. A continuar assim "ética" e "integridade" em breve serão palavras relegadas aos idealistas inocentes, como já acontece na política brasileira e na filosofia nacional do "eu quero é me dar bem!".

Nelsinho Piquet premiou os brasileiros com uma história digna da fraqueza moral que assola esse povo tradicionalmente derrotista, inseguro e de pouca auto-estima (*). Pressionado pelos seus chefes para trapacear de forma grosseira no grande prêmio de Cingapura ele obedeceu. Atirou a ética no lixo, pensou apenas na sua carreira, na renovação do seu contrato, e jogou o carro no muro. Foi "egoísta" como diriam alguns, pois pensou apenas em si ignorando todo o resto, como a ética, a credibilidade do esporte e os outros competidores que estavam ali honestamente competindo.



Nelsinho achou que seria possível se safar das suas fracas atuações fazendo um conchavo com o chefe para a trapaça. A falta de auto-estima foi tão gritante que após esse papelão anti-ético ele ainda conseguiu correr pela escuderia por quase um ano até que foi mandado embora pela ausência de bons resultados. Então nesse momento ele resolveu "resgatar" sua moralidade e meter a boca no trombone.

O caso de Nelsinho assusta porque é oriundo da camada mais nobre da sociedade brasileira, nobre no sentido de mais afortunada pelo acesso a cultura, educação, jantares semanais com a família e contas bancárias abarrotadas. O que passou na cabeça de Nelsinho quando recebeu a proposta indecente? Por que não avaliou a seguinte alternativa: "Não, isso eu não faço. Não sou um trapaceiro. Posso não estar tendo bons resultados, mas tenho minha honra, meu auto-respeito, e não estou disposto a abrir mão disso. Caso insistam pedirei demissão imediatamente."

E é exatamente nessa hora que as pessoas gargalham, me chamam de idiota idealista, afirmam com convicção que só um imbecil bobalhão como eu abriria mão de um emprego milionário numa escuderia de ponta em troca de uma ética ridícula e fora de moda. Que é muito melhor um "pouco ético" empregado pela Renault, com salário e prestígio altos, do que um ético desempregado.

Analisemos então o que aconteceu com Rubinho Barrichello: Pressionado pela Ferrari para deixar o Schumacher ultrapassá-lo, ele cedeu. Depois chorou, esperniou, colocou a culpa na equipe, se disse perseguido, etc. só não levou em conta a alternativa mais difícil e correta: Meter o pé no acelerador, vencer a corrida, sair do carro e colocar o seu emprego a disposição da equipe.

Mais uma vez gargalhadas. Então seria melhor para o Rubinho peitar a Ferrari, a escuderia mais poderosa da Formula 1, correr o risco de perder o emprego abrindo mão de um salário milionário para posar de bom moço que preza pela honra e pela ética? Eu acho que sim.

Apesar de muitos brasileiros, eu excluído, saberem internamente, na sua intimidade, que fariam exatamente o mesmo que Nelsinho e Rubinho fizeram, como não possuem essa oportunidade então criticam, pregam uma moralidade que sabem que não são capazes de exercê-la, até porque acreditam que nunca estarão em situações de destaque como a de seus criticados. Diante disso foi natural e justo constatar que Rubinho Barrichello virou sinônimo de piada nacional, até porque ele nunca se disse arrependido do incidente com Schumacher.

Não faltam exemplos brasileiros desse tipo de comportamento auto-destrutivo. É a filosofia do "malandro carioca", do "me dei bem" ou ainda do "não sou santo, mas ando de jatinho e como caviar". Um caminhão tomba na pista Opa! Taí uma oportunidade de pegar uma mercadoria de graça, saqueando com um sorriso de vitória nos dentes, como se a mercadoria não tivesse dono.

Se realmente Nelsinho acreditava que o que ele fez foi o melhor para a sua carreira, espero que futuramente ele entenda que seu ato foi semelhante a um suicídio profissional. Após esse incidente ele provavelmente conseguirá outros empregos mas poderá ficar difícil para que ele tenha a serenidade, a auto-confiança, o respeito-próprio e o apoio das pessoas de bem para que ele se sente num carro de corrida e participe de uma competição de cabeça erguida. O verdadeiro egoísta, o egoísta racional, não prejudica os outros, mas acima de tudo não prejudica a si mesmo. É como comer comida estragada, ter uma diarréia, e reclamar da saúde. Na minha concepção de vida devemos procurar a ética assim como procuramos o prato de comida mais limpo. Pois é mais fácil curar uma dor de barriga do que falta de respeito próprio.

Atualização: Resolvi incluir as palavras do próprio Nelsinho. Fonte: O Globo Quando me pediram para bater o carro e provocar a entrada do 'safety car' a fim de ajudar a equipe, aceitei porque esperava que pudesse melhorar minha posição na equipe neste momento crítico da temporada. Em nenhum momento fui informado por qualquer pessoa que, ao concordar em provocar um incidente, eu teria garantido a renovação de meu contrato ou qualquer outra vantagem. No entanto, no contexto, pensei que seria útil para alcançar este objetivo. Por isso, concordei em provocar o incidente.

(*) Fonte: Revista "Isto É" de 09/Set/2009 reportagem "Olha-se no espelho": A falta de amor-próprio é um problema histórico do brasileiro, dono de uma autoimagem derrotista. Estudo da International Stress Management Association no Brasil (Isma- BR) aponta que 59% das pessoas no País têm pouca confiança em si. Quem tem baixa autoestima acaba atropelado pelo dinamismo do mundo, ou reage com violência às frustrações, ou mascara a insegurança com símbolos de status. O resultado vai de um simples incômodo a distúrbios mentais graves. Por isso, estimar-se é uma necessidade vital, que não tem nada a ver com arrogância, como se acreditava até 15 anos atrás.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

O porco de Lya Luft

Foi com um espanto interessado que me deparei com o artigo da escritora Lya Luft publicado na revista Veja com o título "A Sordidez Humana". O artigo só não é mais inspirador que a coluna policial de um jornal carioca. Nele Lya Luft compara o homem a um anjo sentado num porco e começa concluindo que o porco é desproporcionamente maior que o anjo. Em suma, ao longo do seu artigo Lya Luft dá a entender que todos temos o maligno dentro de nós e não há como escapar dessa dualidade, desse conflito interno. A minha opinião é que Lya Luft está errada e que cometeu um erro comum de todo bom socialista / coletivista: a generalização, o nivelamente por baixo, a exaltação do fraco, a enfatização da perfídia, o determinismo fatalístico de que o homem é um animal pronto a atacar como uma ratazana incurralada e a se rebaixar a um porco na primeira oportunidade. O homem precisa ser controlado, domesticado (por quem?), pois é mal por natureza.

Deveria haver uma enquete na revista Veja perguntando quantos gostaram desse artigo, ou melhor, quantos encontraram alento nas palavras da escritora. O assassino, o estuprador, o invejoso, o ladrão com certeza sentiram conforto ao lerem afirmações como as abaixo:

A sordidez e a morte cochilam em nós, e nem todos conseguem domesticar isso.


ou ainda

Queremos provocar sangue, cheirar fezes, causar medo, queremos a fogueira. Não todos nem sempre. Mas que em nós espreita esse monstro inimaginável e poderoso, ou simplesmente medíocre e covarde, como é a maioria de nós, ah!, espreita.


O que pensar? O que responder? Precisa realmente de resposta? Então há um monstro dentro das pessoas que é medíocre, covarde, inimaginável e poderoso. Se ela cometer algum ato maligno foi provavelmente porque do alto, ou melhor de baixo, da sua completa insiginificância ela não foi capaz de "domesticar" o seu monstro. Só faltou completar afirmando que foi falta de Deus no coração, mas essa parte deve ter ficado para um próximo artigo.

Não posso falar pelos outros, mas posso compartilhar com Lya Luft a minha opinião sobre o artigo. Primeiro: sou agnóstico e não acredito ser necessário nenhum Deus para me ensinar o que é certo e o que é errado. Segundo: o ser humano é um animal RACIONAL que possui escolha, isto é, entre o estímulo e a reação ele possui o livre arbítrio. E terceiro: não estou sentado em cima de nenhum porco.

Enquanto as pessoas viverem numa sociedade onde o ponto de vista do porco é enfatizado realmente não podemos esperar nada melhor do que vemos nos jornais, ou lemos nas revistas. Sim, o bem e o mal existem, e se você não sabe diferenciá-los então você não está apto para viver em sociedade e deve ser removido. E porque o bem e o mal existem, existe também a escolha moral. Se você escolheu ser um porco, não há diabo, ou Deus, ou circunstância ou qualquer outra justificativa para isso que não seja apenas a sua escolha pessoal. Se não o estuprador pode acabar virando o estuprado. Enquanto as pessoas puderem contar com deuses e diabos, e terem a certeza da sua insignificância diante deles, fica realmente complicado tentar passá-las qualquer senso de responsabilidade individual.

Gostaria de ver um outro artigo publicado na Veja mostrando o contra-ponto do porco, ou seja, a honra, a ética, o racional e a integridade do homem. Seria certamente uma leitura mais leve, estimulante e proveitosa.

domingo, 6 de setembro de 2009

A indiferença

Já virou clichê a frase que diz: "Ninguém pode lhe magoar sem o seu consentimento." É mais fácil dito do que feito, mas a prática da serenidade pode gerar resultados surpreendentes. Coisas que antes seriam motivo para o ressentimento se tornam irrelevantes. Pra que se estressar com a decisão dos outros? Se alguém fez algo a você que te magoou, experimente ignorar. Corte o mal pela raiz através da indiferença. Não permita que decisões de terceiros afetem o seu humor utilizando a velha máxima de Cícero: "A minha consciência tem mais peso pra mim do que a opinião do mundo inteiro."

Se conheça e se respeite o suficiente para ter o auto-controle de não depender de um elogio para saber o seu valor. O sonho de alguns será te ver rendido ao ressentimento ou quebrado diante da crítica. Mas entenda que a infâmia muitas vezes é o único relento para a insegurança do fraco. E o difamador apenas exalta a sua necessidade de destruir para sobressair.

A indiferença é muito mais poderosa que qualquer contra-ataque ou mágoa. Ela transforma o veneno em água.

"Eu acho que te magoa saber que você me fez sofrer. Você gostaria de não tê-lo feito. E, entretanto, há algo que o assusta ainda mais: o conhecimento de que eu não sofri em absoluto."

Taí um ideal para ser perseguido. Terá mais paz e serenidade aquele que conseguir dominar o poder da indiferença através da auto-estima.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Os altruístas brasileiros

O meu amigo Rodrigo Constantino escreveu um excelente texto no seu blog para explicar o que deveria ser óbvio: O governo é um parasita faminto que cresce sem limites e vai acabar matando o seu hospedeiro.

Segue o texto, que também pode ser lido em http://rodrigoconstantino.blogspot.com/.

Os gastos do governo com pessoal e encargos sociais ultrapassaram o patamar de 5% do PIB na gestão Lula. O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, chamou de “marola” as críticas ao crescimento dos gastos. O Executivo e o Judiciário enviaram ao Congresso 14 projetos de criação de cargos que, ao todo, criam mais de 20 mil vagas. Somando outros projetos já em tramitação, seriam mais de 50 mil novas vagas criadas, e alguns bilhões extras de gasto. Se há um local que parece desconhecer crises, esse local é Brasília.

Faz sentido: o governo não segue a lógica do mercado, ou seja, ele não depende da satisfação dos consumidores para sobreviver. Afinal, ele não recebe através de trocas voluntárias, mas sim da coerção dos impostos. É por isso que os serviços mais ineficientes são justamente aqueles oferecidos pelo governo. Para piorar, essa ineficiência não é punida com o prejuízo e a falência como na iniciativa privada, mas ao contrário, acaba premiada com novas verbas. O orçamento para as repartições públicas é indiretamente proporcional à sua eficiência. Quanto pior for o serviço prestado, melhor a justificativa para demandar mais recursos, sob o pretexto de sobrecarga de trabalho.

Com isso, a arrecadação de impostos do governo vai crescendo sem parar, e em breve chegará à cifra fantástica de um trilhão de reais! Para o ano que vem, já estão previstos mais de R$ 850 bilhões. O governo é um enorme parasita, que drena recursos dos indivíduos com uma fome insaciável. A escolha de muitos acaba sendo buscar algum concurso público ou indicação para pular a cerca e ir para o lado de lá, onde estão as gordas tetas, sem falar da tal estabilidade de emprego. Trata-se de uma escolha até racional do ponto de vista individual. Quem não gosta de privilégios? O problema é que sobram cada vez menos hospedeiros, forçados a sustentar mais e mais parasitas. O risco é a fome excessiva do governo parasita acabar matando de vez sua fonte de recursos.


Será que precisa ter o cérebro de um Einstein para entender isso? É claro que não. Mas me pergunto porque pouquíssimos brasileiros conseguem enxergar o óbvio. Será ignorância? Pode ser. Mas não podemos descartar também aquela vontade enrustida de uma grande parte de arranjar uma teta estatal ou de virar um "doutor" na política.

Sempre falo: o sonho americano é abrir sua própria empresa, gerar empregos e abrir o capital na bolsa. O sonho brasileiro é arranjar um cargo público, com estabilidade, salário alto e a menor carga horária possível. Ser Acessor de Parlamentar por exemplo é um sonho tão maravilhoso quanto ganhar na mega-sena. Você pode até trabalhar remotamente de outro país e ter outro emprego por lá.

O governo acha que pode tirar empregos da cartola, mas se esquece que depende da iniciativa privada para obter (a força) impostos e pagar os salários. Caso contrário bastaria imprimir dinheiro ou decretar a riqueza geral. E acho que todo mundo concorda que a burocracia e o valor dos impostos no Brasil é uma piada de mau-gosto.

Num país com 200 milhões de habitantes só o incentivo a livre economia e a iniciativa privada pode gerar os empregos e a riqueza necessária para dar dignidade às pessoas. Mas estamos sempre indo na direção contrária. O empresário é um ganancioso responsável pelas injustiças sociais, é achacado por fiscais, paga juros extorsivos, enfrenta uma justiça trabalhista tendenciosa e por aí vai.

Realmente cada povo tem o governo que merece. São os "altruístas" brasileiros lutando pela "nobre" causa da justiça social e tudo que conseguem é incentivar a pobreza, mas nunca de suas próprias contas bancárias. Seria até engraçado se não fosse lamentável.

Como diria Roberto Campos: "Os esquerdistas sempre souberam chacoalhar as árvores para apanhar no chão os frutos. O que não sabem é plantá-las..."