domingo, 23 de agosto de 2009

O disfarce (sobre o assassinato de Sendas)

O assassinato do empresário Arthur Sendas reacende uma questão bastante delicada. Não para a manjada violência carioca, mas para a sociedade brasileira como um todo. Não duvido que muitos afirmarão que o empresário morreu vítima da desigualdade social, uma vez que era um milionário "ganancioso" no meio dos miseráveis "pobrezinhos". Não duvido também que outros afirmarão que o empresário morreu vítima do seu próprio egoísmo, uma vez que seria muito mais simples e seguro ajudar o pedinte ao invés de confrontá-lo. Mas quem era o empresário Arthur Sendas e como conseguiu sua fortuna?

Ao que tudo parece da forma mais justa, nobre e honesta possível. Criando *do nada* uma empresa que gerou milhares de empregos para a população. Quando assumiu um pequeno armazém com 17 anos em São João de Mereti, ele de forma alguma colocou uma arma na cabeça das pessoas exigindo que elas fossem ao seu mercadinho fazer compras. Elas foram lá por livre e espontânea vontade, simplesmente porque encontraram vantagens em assim faze-lo, seja na forma de preços mais atraentes, qualidade no atendimento e/ou produtos diferenciados. Com certeza existiam outros mercados nas redondezas, mas se os consumidores optaram livremente por gastar o seu dinheiro na loja de Sendas é porque ela adicionava algum tipo de valor ou vantagem a sua compra, e graças a isso que Sendas obteve um justo e honesto lucro, que ele inteligentemente reinvestiu no seu próprio negócio fazendo-o crescer, gerando mais valor para o consumidor, mais empregos para a população, mais impostos para o estado e por que não mais lucro para o seu dono. Um verdadeiro ciclo *virtuoso* em todos os sentidos.

Então qual foi o erro de Sendas que o fez terminar a sua vida com uma bala na cabeça? Seu erro foi nascer numa sociedade onde o bem-sucedido é visto como um pecador egoísta e ganancioso e o fracassado é visto como um injustiçado oprimido pelas "injustiças" sociais. Seu erro foi gerar empregos, progresso, valor para o consumidor, super-mercados e ainda ter a ousadia de querer se tornar rico. De acordo com a moralidade da nossa sociedade, por ter se tornado rico por conta própria de forma justa e honesta, ele possuía uma obrigação moral de ter consideração e pena por aqueles que conseguiram menos do que ele.

Pelo que o próprio acusado relata em vídeo, de forma totalmente calma e tranquila, ele estava com problemas financeiros e isso lhe dava o direito de bater na porta de Sendas as 22:30 da noite para lhe pedir dinheiro e ajuda. Por ser uma pessoa rica e bem-sucedida, Sendas era responsável moral pelos seus problemas, pelas suas dívidas, pelas suas brigas com a esposa, e por toda necessidade que ele sendo menos "afortunado" pudesse ter. Diante da recusa de Sendas, ele achou justo e por direito lhe dar um tiro e abandonar o local do crime. No final da entrevista a repórter pergunta se ele gostaria de pedir desculpas para a família de Sendas e ele, mostrando traços de uma honestidade paradoxal, tem dificuldades para balbuciar um pedido de desculpas. Ora, sem culpa não há necessidade de um pedido de desculpas. De acordo com a sua moralidade ele não cometeu nenhum crime. Ele foi a pobre vítima desde o ínicio!

É claro que tudo isso é abominável, fruto de um relativismo ético que só interessa àqueles que nutrem o mais perverso dos sentimentos: a inveja. O ódio pelo lucro merecido e pela superioridade daqueles que o tornam possível de forma honesta através de sua luta particular. Citando John Galt no livro Atlas Shrugged de Ayn Rand:

Por que é imoral produzir um valor e ficar com ele, mas não o é dá-lo aos outros? E se é imoral para vocês ficar com esse bem, por que não é imoral para os outros aceitá-lo? Se vocês são altruístas e virtuosos quando o dão, eles não serão egoístas e maus quando o aceitam? Então a virtude consiste em servir ao vício? Então o objetivo moral dos bons é imolar-se em benefício dos maus?

A resposta de que vocês se esquivam, a resposta monstruosa é: Não, os que recebem não são maus, desde que eles não mereçam o valor que vocês lhes deram. Não é imoral para eles aceitar a dádiva, desde que eles sejam incapazes de produzi-la, incapazes de merecê-la, incapazes de lhes dar algo em troca. Não é imoral para eles encontrar prazer nela, desde que eles não a obtenham por direito.


Alguns poderão afirmar que Sendas sacrificou sua vida em prol da justiça. Dado o desfecho trágico da conversa que eles tiveram não é muito difícil concluir que o acusado realmente não merecia a ajuda de Sendas. Sua recusa em ajudá-lo foi justa. Se um homem morre lutando pela justiça, isso é um sacrifício para aquele homem que estaria disposto a viver sem ela, mas nunca para aquele que só poderia pautar sua vida pelo mérito. Depois de tanto empreender e de criar riquezas para si e para os outros a sua volta, Sendas sucumbiu diante de uma "injustiça social" que nada mais é que a pura inveja disfarçada.

1 Comentários:

Blogger Inocêncio de Oliveira disse...

É um ciclo de coisas que faz encadear tal atitude e movimento. Vivemos em um local onde as diferenças sociais são gritantes, e fora disso, um governo assistencialista que prefere medidas paleativas ao invés de estratégias ricas e de longo prazo. Ainda assim que temos a questão cultural que é forte, enraizada e que dificilmente irá mudar a curto médio prazo. O ser humano deve enteder que ele próprio é 'O' responsável pelos seus atos, e muitas vezes culpamos terceiros quase sempre pelo que somos de ruim, para justificar fracassos, egoísmo e desprezo. Um cara que se perde na vida, levando a cometer crimes como assassinato, é uma pessoa que ou é completamente louca, ou então uma pessoa de péssimo caráter que almeja algo que ela não é ou não tem, ela foge de suas responsabilidades, foge da vida e prefere "enfretar" as coisas da maneira mais cruel e imbecil de todas, roubando e matando.

14 de setembro de 2009 às 09:02  

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial